O DESENHO DO TRAJE

Embora agora seja comum ver figurinos retirados diretamente das passarelas da alta moda em telas grandes e pequenas (basta olhar para a proliferação de marcas na sit-com Schitt's Creek como um exemplo), quando a figurinista Edith Head recrutou os talentos de Hubert de Givenchy para ajudar a criar os looks de Holly Golightly em Breakfast at Tiffany's era praticamente inédito. Na verdade, se Christian Dior e Pierre Balmain não tivessem estabelecido um precedente com Stage Fright de 1950 e And God Created Woman de 1956, é provável que ele não tenha concordado. O trabalho de um costureiro parisiense, afinal, poderia ganhar prestígio no palco como parte de um balé ou ópera, mas jogar seu peso por trás de um filme de Hollywood sobre uma festeira frívola? Talvez nem tanto.

No entanto, embora tenhamos que agradecer a Givenchy por colocar o LBD firmemente no centro do guarda-roupa de uma mulher, o trabalho da figurinista Edith Head é muitas vezes injustamente descartado. Apesar de já ter ganhado seis prêmios da Academia por seu trabalho em filmes como Roman Holiday, Sabrina e All About Eve, quando se tratava de Breakfast at Tiffany's, foi Givenchy quem recebeu todo o crédito, com Head sendo rebaixado a 'supervisor de figurino'.

Esta é uma inversão notável do que aconteceu durante a produção de Sabrina. Nesse filme, apesar de a maioria dos conjuntos parisienses de Hepburn terem sido desenhados por Givenchy e escolhidos pela atriz, por terem sido criados no departamento de figurino de Head ela recebeu o Oscar e Givenchy ficou completamente sem créditos. Talvez Breakfast at Tiffany's fosse visto como uma correção de erros antigos ou talvez Audrey Hepburn tivesse um papel a desempenhar no status de Givenchy no filme. De qualquer forma, é certamente uma demonstração clara da importância que Hollywood colocou em ter um designer de estrelas ligado a seus filmes

O VESTIDO PRETO DA ABERTURA

Não é sempre que o momento mais memorável de um filme vem nos primeiros 30 segundos, mas Holly Golightly flutuando de um táxi em um longo vestido preto, dinamarquês em uma mão, café na outra, para espiar pela janela da Tiffany's certamente está entre eles . Surpreendentemente, um dos dois únicos vestidos pretos desenhados por Givenchy para o filme, a versão original era curta e considerada pela Paramount Pictures muito “reveladora”. Edith Head foi encarregada de redesenhá-lo para a versão até o chão que conhecemos agora, enquanto os óculos de sol Oliver Goldsmith, as longas luvas pretas e pilhas de pérolas Robert Scemama que acentuam o decote semi-lua do vestido foram o resultado de uma colaboração entre os dois projetistas.

Pode-se argumentar, de fato, que são esses acessórios que elevaram o visual de simples a icônico. Como Pamela Keogh Clarke escreve em seu livro Audrey Style, “A parceria Hepburn Givenchy atingiu o apogeu da elegância refinada quando a ressaca chique de Holly Golightly causou uma corrida em colares de pérolas falsas de três fios, vestidos sem mangas e óculos escuros enormes que continuam até hoje”.